Um dos conceitos de responsabilidade social é o incentivo à equidade de gênero. Ações planetárias e nacionais, como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e a Agenda 21 das Mulheres pela Paz, apresentam medidas práticas no sentido de incentivar um comportamento, institucional público e privado, de respeito às diferenças entre homens e mulheres. Processos educativos através de oficinas, seminários, palestras, campanhas e produção de material sobre eqüidade de gênero são essenciais na vida cotidiana das organizações.
No mundo do trabalho, em maior ou menor grau, as diferenças salariais e o acesso desigual de homens e mulheres aos cargos de chefia e direção mostram de forma inquestionável uma discriminação latente. De acordo com o estudo “Empoderamento das mulheres: avaliação das disparidades globais de gênero*”, tal discriminação não permite a capitalização do potencial de metade das sociedades, as mulheres, e compromete o poder de competição das economias nacionais.
No Brasil, as mulheres representam mais da metade (52,6%) da População Economicamente Ativa – PEA, portanto, no setor privado ou público, ocupam genericamente a base da pirâmide ocupacional, em cargos de menor qualificação e remuneração. Não bastasse isso, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2006/IBGE, o rendimento médio das mulheres corresponde a apenas 65,5% do rendimento dos homens.
Para a realização e promoção a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em parceria com o Governo Federal, criou no Brasil o Programa Pró-Equidade de Gênero visando alcançar as principais instituições da nação.
Os objetivos específicos do Pró-Equidade de Gênero são conscientizar e sensibilizar dirigentes, empregadores (as) e trabalhadores (as) para a promoção da igualdade de gênero e estimular práticas de gestão que promovam a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres dentro das organizações; além de criar uma rede própria e construir banco de boas práticas de gestão que possibilite a troca de experiências de promoção da equidade de gênero no mundo do trabalho entre as empresas e instituições de médio e grande porte dos setores público e privado.
De acordo com o Instituto Ethos de Responsabilidade Social, as mulheres vêm ampliando lentamente seu espaço nos quadros dirigentes, mas são ainda pouco mais de 11 em cada 100 executivos. Desde 2005/2006, empresas e instituições estão buscando agregar valor à sua imagem aderindo ao Selo pró-equidade de gênero. A adesão é voluntária e está disponível no site www.spmulheres.gov.br, basta preencher uma ficha perfil e encaminhá-la à Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
No biênio 2007/2008 vale ressaltar que trinta e oito instituições receberam o Selo, dentre elas; Banco do Brasil, Eletronorte, Empresa Gerencial de Projetos Navais, Hospital Cristo Redentor, Itaipu Binacional, Prefeitura Municipal de Balsas (MA), etc.
Mulheres é hora de mobilização social para que as prefeituras e empresas locais adiram a Pró-Equidade de Gênero, sugiram, portanto, a implementação de ações reais, como por exemplo, a adesão das mesmas ao Selo aqui citado.
“Equidade de gênero se refere ao estágio de desenvolvimento humano no qual direitos, responsabilidades e oportunidades de indivíduos não serão determinados pelo fato de que tenham nascido homem ou mulher*”.
A experiência internacional e nacional já demonstrou que a adoção de práticas de responsabilidade social e o incentivo a equidade de gênero, de forma sistemática contribui para o alcance de bons resultados em termos de qualidade do ambiente de trabalho e de produtividade.
*Fórum Econômico Mundial
By Clayton Fernandes - Consultor empresarial e signatário do Pacto Global das Nações Unidas.