Em sintonia ao discurso da presidente eleita (2011 - 2014) Dilma Rousseff, em relação a redução da pobreza no Brasil, o professor José Eustáquio Diniz Alves, titular da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE), afirma que para combater a pobreza é preciso ter crescimento econômico e geração de emprego. No entanto, nos últimos duzentos anos de desenvolvimento mundial os países centrais conseguiram reduzir bastante a pobreza e avançar no bem-estar da população, mas com sérios danos ambientais.
Segundo o professor o desenvolvimento econômico transferiu os custos de suas atividades para futuras gerações e o custo de limpar o Planeta será enorme. A experiência mundial, tal com conhecemos, mostra uma oposição entre desenvolvimento (geração de emprego, renda e consumo) e a preservação do meio-ambiente.
Contudo, a equação entre desenvolvimento sustentável e a redução da pobreza pode ser solucionada por meio da criação de novos e diferentes empregos, numa perspectiva de uma economia de baixo carbono e atividades verdes e limpas. Portanto, não é verdade que uma economia ecologicamente correta seja destruidora de empregos. Ao contrário, ao eliminar as atividades econômicas que agridem e destroem a natureza, abre-se a possibilidade de criar novas atividades harmonicas com a natureza e a geração de empregos compatíveis com o meio ambiente, os chamados “empregos verdes”.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define empregos verdes como “postos de trabalho nos setores da agricultura, indústria, construção civil, instalação e manutenção, bem como em atividades científicas, técnicas, administrativas e de serviços que contribuem substancialmente para a preservação ou restauração da qualidade ambiental.
Específica, mas não exclusivamente, eles incluem empregos que ajudam a proteger e restaurar ecossistemas e a biodiversidade; reduzem o consumo de energia, materiais e água por meio de estratégias de prevenção altamente eficazes; descarbonizam a economia; e minimizam ou evitam por completo a geração de todas as formas de resíduos e poluição” (OIT, 2009).
A OIT busca articular o conceito de ‘trabalho decente” com “emprego verde” analisando os pilares social, econômico e ambiental. A transição para uma economia ambientalmente sustentável depende sobretudo da adoção de novos padrões de consumo e de produção.
A OIT (2009) sintetiza essas transformações do modelo vigente em torno de seis grandes eixos e leva em conta inclusive as particularidades da economia brasileira:
1. maximização da eficiência energética e substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis;
2. valorização, racionalização do uso e preservação dos recursos naturais e dos ativos ambientais;
3. aumento da durabilidade e reparabilidade dos produtos e instrumentos de produção;
4. redução da geração, recuperação e reciclagem de resíduos e materiais de todos os tipos;
5. prevenção e controle de riscos ambientais e da poluição visual, sonora, do ar, da água e do solo;
3. aumento da durabilidade e reparabilidade dos produtos e instrumentos de produção;
4. redução da geração, recuperação e reciclagem de resíduos e materiais de todos os tipos;
5. prevenção e controle de riscos ambientais e da poluição visual, sonora, do ar, da água e do solo;
6. diminuição dos deslocamentos espaciais de pessoas e cargas.
O Brasil é um país privilegiado do ponto de vista da extensão territorial e marítima e conta com ampla disponibilidade de terras, de ventos, de radiação solar, de marés e de biomassa. Ao fazer a transição da economia poluidora e que degrada o meio ambiente para uma economia verde e ecologicamente sustentável, o país poderá não só salvar a natureza, como eliminar a pobreza e a desigualdade, possibilitando que sua população conviva com um desenvolvimento humano e sustentável.
Fontes: Empregos verdes no Brasil : quantos são, onde estão e como evoluirão nos próximos anos (OIT, 2009), Pathways Magazine – Fall 2009: Are Green Jobs a Silver Bullet? Green Jobs: Towards Decent Work in a Sustainable, Low-Carbon World. By Ton.
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